Introdução
Em boa hora chega em nossas mãos uma edição atualizada do romance Henriqueta, de Maria Peregrina de Sousa, anteriormente publicado no folhetim d’O Pirata (1850) e, mais tarde, em formato de livro (1876). Esta edição dará ao leitor atual a imagem da vida de uma mulher oitocentista com desejos, mas cuja virtuosidade deveria
estar enquadrada nos padrões da época.
Ainda que a autora aparente querer que a personagem tenha a liberdade para seguir seus anseios, Maria Peregrina de Sousa não deixa de mostrar que as normas e os padrões de uma sociedade misógina e machista venciam aquilo que era desejo das mulheres, pois, nas palavras de Henriqueta, os escândalos apartam amor.
Esta edição lança luz a uma escritora que foi excluída do cânone e esquecida na História da Literatura, ao vir acompanhada da biografia da autora escrita pelo amigo, o escritor Antônio Feliciano de Castilho, a partir de trechos da correspondência trocada entre eles.
Ana Comandulli.
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Sinopse
A jovem Henriqueta, ao se ver diante de dois pretendentes indicados pelo pai, aceita o casamento como destino inevitável. Após o período de alegria inicial, porém, seu marido se torna frio, abrindo espaço para a sedução de outro homem — justamente o que rejeitara no passado. Assim, a protagonista é arrastada para uma paixão que mudará para sempre seu destino. Publicado originalmente em 1876, este romance carrega os dilemas da condição feminina para uma mulher que busca ser dona da própria história no século XIX.
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A autora
Maria Peregrina de Sousa (1809-1894) foi escritora reconhecida em Portugal e no Brasil, enviando seus textos para a imprensa periódica dos dois países entre as décadas de 1840 e 1870. Escreveu romances, poemas, xácaras e artigos sobre costumes populares da região do Minho. Começou sua carreira publicando anonimamente poemas e cartas assinadas com o pseudônimo de “Uma obscura portuense” na Revista Universal Lisbonense, redigida pelo poeta e educador Antônio Feliciano de Castilho, que depois se tornaria seu amigo e biógrafo. Publicou em livro os romances Retalho do Mundo (1859), Radamanto ou A mana do Conde juntamente Roberta ou A força da simpatia (1863), Maria Isabel (1866), e Henriqueta (1876).
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Sobre a edição
Esta edição tomou por base o exemplar da edição em livro de 1876 existente no Real Gabinete Português de Leitura, instituição que apoiou o trabalho com uma bolsa Pesquisa Júnior, “Bolsa Evanildo Bechara”, por 12 meses, concedida a Erick Douglas Nascimento da Silva, sob orientação de Eduardo da Cruz e Ana Comandulli da Cunha.
A biografia da autora escrita pelo Visconde de Castilho, Antônio Feliciano de Castilho, uma reprodução da Revista Contemporânea de Portugal e Brasil v. III n. 6, de setembro de 1861, que precedia o romance, foi transposta para depois do texto de Maria Peregrina de Sousa. Foram incluídos os trechos cortados quando da transcrição da revista para o livro, em 1876.
Assim, recupera-se a versão completa, de cunho autobiográfico, por ser composta pela transcrição de diversas cartas da própria Maria Peregrina de Sousa ao amigo Castilho.
A edição foi preparada por Erick Douglas Nascimento da Silva (mestrando do PGLetras-Uerj) e por Eduardo da Cruz (Uerj/CNPq/Faperj), que assinam também o posfácio "Ler Maria Peregrina de Sousa hoje".
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Dados técnicos:
Loja/livraria virtual da Delirium editora. A Delirium — voltada para a busca de histórias e textos criativos, indo do lirismo à loucura, passando pelo lúdico, sempre com ousadia — é uma microeditora carioca, que vem crescendo. Temos no nosso catálogo e no planejamento o intuito de publicar livros ousados e criativos, com temas importantes, sempre com um jeito imaginativo de criar histórias.